Danilo e sua carta aos torcedores brasileiros: Lutaremos pelo título da Copa América

[Adriano Carvalho]

Danilo e sua carta aos torcedores brasileiros: Lutaremos pelo título da Copa América

 

Um empate brando contra a Costa Rica na primeira jornada da Copa América deste ano provavelmente deixou muitos torcedores da Seleção decepcionados. Porém, ao ler a carta que o capitão Danilo enviou aos torcedores, em algum lugar as pessoas terão uma visão relativamente diferente dos jogadores brasileiros, com mais simpatia e confiança...

Sejamos honestos um com o outro. Seja jogador ou torcedor, é a mesma coisa, não há diferença.

Deixe-me começar primeiro. Talvez nosso time não jogue bem o suficiente há muito tempo.

Isso não significa que toda a equipe não tente, não contribua ou pior, que muitas pessoas pensem que não sentimos a dor do fracasso. Não me interpretem mal, porque ninguém sabe o quanto cada um de nós sacrificou para estar aqui. Abrimos mão de muitas coisas pelo bem da nossa bandeira nacional. Como costumo dizer antes dos jogos da seleção, o Brasil é sempre uma seleção com vontade de vencer e orgulho de representar o seu país.

Ouvimos o que as pessoas disseram sobre a equipe. De alguma forma, toda a equipe ainda não conseguiu mostrar o quanto estamos dispostos a sacrificar por esta camisa. Aproveitei todo o tempo de preparação para esta Copa América para enfatizar aos meus companheiros que o torneio é a única forma de mudar a nossa imagem, dando tudo de nós em campo.

Bom, agora é a vez de vocês, torcedores que sempre torcem pelo Brasil. Sobre o que você falará durante discussões sobre futebol em cafeterias ou em churrascos com amigos e familiares? E a mídia, o que dirão? Os caminhoneiros também têm suas próprias histórias no futebol, até mesmo as mulheres que moram na igreja. O que todos pensavam de nós?

“Eles não se importam”

“Eles não querem estar lá e jogar futebol.”

“Esses são apenas jogadores ricos e egoístas que não têm nenhum amor ou orgulho nesta camisa.”

 Todos nós já ouvimos mais ou menos essas coisas. É claro que é difícil para as pessoas escaparem das redes sociais, mesmo desligando os telefones.

Para ser honesto, entendo um pouco por que as pessoas dizem isso.

Sempre existe uma barreira entre jogadores e torcedores. Isso não acontece apenas no Brasil. Na verdade, é algo que ainda existe na nossa sociedade, está em todo o lado. Você pode entrar no Instagram e o que você vê? Muitas coisas falsas e superficiais. Um cara rico postou uma foto com sua Ferrari. Todo mundo se sente feliz. As pessoas estão sempre festejando e passeando nas praias.

Também compartilho algumas coisas nas redes sociais. Não culpo ninguém que enfrenta problemas muito maiores todos os dias, quando nos vê e pensa: “Esses caras parecem não valorizar o que têm”.

Mas do fundo do coração só posso dizer que todo jogador que veste a camisa do Brasil sente o seu peso, não importa o que digam.

“Não acredite neles, é apenas uma combinação. Não há pressão. Há todos os profissionais aqui."

Absurdo! Esta é a Seleção. E você sempre sente a pressão.

Jamais esquecerei a primeira vez que fui convocado para a seleção sub-20. Na noite anterior ao jogo com o Paraguai, a única coisa que conseguia pensar era em como ficaria a minha camisa pendurada no vestiário. Será azul ou amarelo? Espero que seja amarelo.

Na manhã seguinte, limpei os sapatos três vezes porque estava muito nervoso. Finalmente cheguei ao camarim e vi:

DANILO

2

A camisa amarela perfeita. O número da camisa está impresso em verde. Meu nome aparece nas costas da camisa. Maldito! Sentei-me lá e segurei a camisa como um bebê recém-nascido. Você pode imaginar como era meu rosto naquela época? Juro por Deus, é difícil de acreditar.

Eu disse a mim mesmo. “Vou jogar a partida da minha vida. Darei tudo de mim, pela minha família e amigos, por todos que me ajudaram a chegar até aqui. Para este país. Vou lutar até o fim.”

Deus, entrei em campo e esqueci completamente como... jogar futebol. Estou muito preocupado e nervoso. Basta um simples passe! Mas foi incrível, chutei direto para a arquibancada. Eu me sinto muito mal.

A camisa provavelmente pesa até 50kg. E por mais de 50 minutos joguei a pior partida da minha vida. Depois disso, recebi cartão amarelo e fui retirado de campo pelo técnico.

Mas você sabe o que? Quando saí de campo não me senti nem um pouco triste. Eu nem estou bravo comigo mesmo. Honestamente, eu não poderia dar mais nenhum passo. Corri até ficar exausto. Eu refleti para mim mesmo. “Se esta é a última vez que jogo pelo Brasil, pelo menos dei tudo de mim pela seleção.”

Para mim isso é o mais importante no futebol, dar tudo o que podemos. Haverá momentos em que suas pernas não funcionarão como você deseja. Haverá dias em que acordaremos e nos sentiremos péssimos, em que todos nos odeiam e sentiremos que não merecemos vestir a camisa brasileira.

Eu entendo bem esse sentimento.

Ouça, eu também sou humano. Nem sempre estou no meu melhor. Para ser sincero, durante a minha primeira temporada no Real Madrid fiquei muito deprimido. Eu estava quase perdido, me sentindo completamente inútil. Em campo não consegui fazer um passe maior que 5 metros. Lá fora, no quintal, meus membros estavam tão rígidos que eu não conseguia me mover.

Minha paixão pelo futebol se foi e eu não conseguia encontrar uma saída. Só quero voltar para casa, no Brasil, e nunca mais jogar futebol.

Não me considero Baianinho, filho do Biano (como as pessoas chamam meu pai). Pensava que era o Danilo, um contrato de transferência de 31 milhões de euros, o defesa mais caro do Real Madrid naquela altura.

Quando jogamos contra o Alavés, alguns meses depois do início da temporada, deixei Theo Hernandez roubar a bola e passá-la para Deyverson marcar. No final, a equipa ainda venceu por 4-1, mas esse foi um erro que não se pode cometer no Real Madrid. Jamais esquecerei aquela noite, cheguei em casa e não consegui dormir. Escrevi no meu diário. “Talvez seja hora de desistir do futebol.”

Naquela época, eu tinha 24 anos.

Não sei qual parte de mim está sentindo a pressão? Um cara que chegou aqui como o melhor lateral-direito do Porto? Ou um rapaz das Bicas que subitamente assinou pelo maior clube do mundo?

A resposta é clara. Por dentro você sempre será um menino.

Não conto a ninguém como me sinto. Casemiro tentou me ajudar, mas como dizem, provavelmente “engoli o sapo” e com o passar do tempo ele foi crescendo. Após vários meses de dor mental, comecei a consultar um psiquiatra e ele literalmente salvou minha carreira.

A lição mais importante que ele me ensinou foi olhar para o jogo através dos olhos de uma criança.

Quando você jogava futebol quando criança, é claro que não pensava muito, certo? Seu corpo e mente estão quase sincronizados. Basicamente, você não se importará se cometer um erro. Não importa, apenas chute. De repente, já não me sentia como o Danilo, não havia aqui nenhum jogador que valesse 31 milhões de euros.

Comecei a me ver como um garoto de Bicas, um menino que sempre trancava o armário na América Mineiro porque guardava ali um rolo de papel higiênico, como se aquele rolo fosse de ouro.

Todos os domingos, eu e 5 amigos meus trabalharemos meio período para ganhar 1 real para comprar uma pizza.

Implorei a um amigo que me desse 90 segundos em um cartão telefônico só para ligar para meu amante.

Implorei ao cara do cibercafé que mandasse um e-mail para casa. “Ei cara, eu sei que custa 1 real por hora, mas só tenho 50 centavos no bolso. Você pode me dar meia hora? Eu imploro."

Dormir com baratas, aranhas, escorpiões no centro de treinamento...

Não quero romantizar ou exagerar nada sobre as dificuldades pelas quais passei. Eu sei que a geração mais velha achará bobagem ao ler isto, especialmente a história sobre baratas. Meu pai teve muito mais experiências na vida real e estava absolutamente certo.

Hoje em dia, se tivermos algum problema com o chuveiro, basta pegar o telefone e imediatamente aparece uma dúzia de caras com chaves inglesas e todas as ferramentas necessárias. São essas pequenas conveniências que nos separam da nossa natureza. Não apenas um jogador de futebol, mas também uma vida, um ser humano.

Acho que foi isso que aconteceu comigo no Real Madrid. Preciso relembrar minhas raízes e redescobrir a alegria de jogar futebol. Não se trata de fama ou dinheiro. Foi simplesmente divertido.

Minha carreira foi salva naquele momento. Tenho duas coisas a agradecer. Um deles são os psicoterapeutas. E dois, meus filhos.

Miguel nasceu em 2015, antes de eu vir para Espanha. Ele é bastante inteligente, gosta de ler e escrever o dia todo. Ele colecionou vários livros em seu quarto e agora está pesquisando sobre Einstein. Miguel não liga para futebol. Ele nem sabe qual pé prefere.

Para ela, se o Brasil ganha ou perde não é muito importante.

Mas o meu filho mais novo, João, não gosta de aceitar o fracasso.

João nasceu em 2019, pouco antes da pandemia de Covid, e é o jogador de futebol da família. Jamais esquecerei o momento em que voltei para casa depois que o Brasil perdeu para a Croácia na última Copa do Mundo. Fui para a cama e meus dois filhos ainda estavam me esperando. Eles entraram na sala e João disse: “Eu sei que o Brasil perdeu. Eu vi o placar.

É tão simples.

Comecei a chorar porque senti que tinha decepcionado meus filhos e decepcionado o país inteiro.

Miguel foi para a cama comigo e disse. “Está tudo bem, pai. Eu sei que papai deu o seu melhor."

Fiquei ali e chorei por uma hora. Miguel me abraçou e disse que tudo ficaria bem. Ele disse que estava orgulhoso de mim, pessoal.

Às vezes, precisamos mais de nossos filhos do que eles de nós.

Esse foi um grande ponto de viragem para mim. Depois dos acontecimentos da pandemia e de ser eliminado da Copa do Mundo, posso ter recaído. Talvez eu tenha caído em depressão. Tenho 30 anos e posso dizer isso. “Ok, tive uma carreira muito boa. Cheguei ao meu auge e agora devo relaxar."

Mas então, optei por fazer o oposto. Comecei a conversar com meu terapeuta todos os dias. Leio e pesquiso mais. Quero me desafiar para me tornar um capitão melhor. Foi quando tudo gradualmente ficou mais claro para mim.

Quando recebi a braçadeira de capitão da Juventus, me senti honrado.

Mas quando recebi a braçadeira de capitão brasileiro foi uma sensação completamente diferente. Nada pode ser comparado.

Quando foi anunciado que eu seria capitão nos amistosos contra Inglaterra e Espanha, disse a mim mesmo. “Não importa o que aconteça, posso morrer feliz.”

Foi por isso que engasguei antes do jogo contra a Inglaterra. Quando vi meus companheiros, quis expressar todas as minhas emoções. Com esta camisa temos que dar tudo. Não deixe uma gota de suor no corpo ao jogar pelo Brasil.

Somente redefinindo sua mentalidade todo o time poderá se aproximar da torcida.

É exatamente isso que o povo brasileiro merece. Cada vez que corremos em campo temos que dar isso aos torcedores, às pessoas que nos criticam, às pessoas que nos motivam, às pessoas que podem nos dificultar. Mas você faz isso porque realmente ama esse time e se preocupa com todos nós.

A seleção brasileira não está aqui para exibir calçados novos ou tirar selfies. Nossa missão é mostrar a todos que o sangue brasileiro corre em nós.

Você sabe o que? Acho que todos podemos aprender algo com jogadores mais jovens, como Endrick. Veja o desempenho dele contra a Inglaterra.

Olhei para o rosto dele e pensei. "Maldito. Estou muito velho."

Eu mal sabia como me dirigir e conversar com ele quando tomamos café da manhã no hotel. Liguei para outro jogador mais jovem e perguntei: "Ei, diga isso ao Endrick para mim."

Me sinto um tio!

Mas olhei nos olhos do Endrick antes do jogo contra a Inglaterra e senti muitas coisas. Temos estado sob muita pressão. Quando ele marcou o gol da vitória, todos comemoraram muito. Mas eu nem fui lá. Vi que estavam verificando o VAR, estava tão exausto que aproveitei para beber água.

Quando o gol foi marcado, Endrick veio e me abraçou como uma criança brincando no parque.

Só espero que seja um novo capítulo para todos nós. Uma nova mentalidade. Um novo espírito.

Como capitão, sei exatamente o que a seleção nacional significa para o meu país. A Copa América é a melhor oportunidade para provarmos que esta seleção entende a responsabilidade e o valor de vestir a camisa amarela. Acho que cada um de nós precisa sair e jogar como se estivéssemos lutando para nos tornarmos jogadores de futebol profissionais, mais uma vez. É uma especialidade de nós brasileiros. Está no nosso DNA lutar com bravura e nunca desistir.

Não fomos à Copa América tirar fotos. Viemos aqui para resistir e lutar. Pelo título da Copa América.

Seu capitão.

Danilo.

[Fernando Dias]

Vamos, Brasil! Com essa união, ninguém nos para!

[Patrícia Nunes]

A carta do Danilo é um verdadeiro chamado à luta. Vamos vencer!

[Vanessa Ribeiro]

Estamos juntos nessa, Seleção! Lutem com coração e alma!

[Raquel Fernandes]

Danilo, sua paixão pelo Brasil nos inspira. Vamos conquistar esse título!

[Jéssica Oliveira]

Vamos lá, Brasil! Mostrar nossa força e determinação em campo

[Eduarda Alves]

Estamos com vocês, jogadores! Lutem com toda a garra!

[Alessandra Martins]

Danilo, sua carta nos uniu ainda mais. Vamos, Brasil!

[Vitória Costa]

Vamos ganhar essa Copa América! Acreditem, estamos com vocês!

[Débora Silva]

Danilo, obrigado por suas palavras. Vamos apoiar o time com tudo!

[Daniela Carvalho]

A Seleção Brasileira vai mostrar sua força. Estamos com vocês!

[Tatiana Gomes]

Danilo, sua carta me encheu de esperança. Vamos em frente!

[Flávia Barbosa]

Vamos lá, Brasil! Com essa determinação, o título é nosso!

[Clarissa Santos]

Estamos com vocês, Seleção! Lutem pelo Brasil com orgulho!

[Helena Lima]

Danilo, suas palavras refletem a alma de todo torcedor brasileiro

[Luísa Oliveira]

Vamos apoiar o time até o fim! Rumo ao título, Brasil!

[Vinícius Nascimento]

Leiam a carta do Danilo e vejam o quanto esses jogadores se dedicam

[Leonardo Pereira]

Estamos juntos nessa jornada. Vamos mostrar a força do Brasil!

[Fernando Oliveira]

Danilo, sua sinceridade nos motiva a acreditar ainda mais na Seleção

[Eduardo Santos]

Vocês são nossos heróis! Lutem com garra e tragam o título para casa

[Gustavo Silva]

Sempre acreditei na força da nossa Seleção. Vamos ganhar essa Copa!

[Marco Silva]

Danilo, sua carta renovou minha esperança no time. Vamos com tudo!

[Ricardo Alves]

A Seleção Brasileira tem nossa confiança e apoio incondicional

[Alexandre Costa]

Cada palavra sua, Danilo, reflete nosso amor pelo Brasil. Rumo ao título!

[Daniel Lima]

Danilo, sua paixão e dedicação são inspiradoras. Vamos Brasil!